porém só sabem perturbar a concórdia e paz doméstica voltando suas armas uns contra os outros, e mostram-se ferozes e arrogantes diante da taba indefesa de seu chefe, onde só se acham alguns velhos inermes, uma fraca virgem, e um estrangeiro foragido, violando, sem pejo, o que há no mundo de mais sagrado e digno de respeito, a autoridade, a velhice, a inocência e a hospitalidade. Mas que para defender todas aquelas coisas veneráveis e santas, ele ali estava, ele só, velho, enfermo e desarmado; que para penetrar em sua habitação, teriam de calcar aos pés o seu cadáver.
Os selvagens, como as crianças, passam com extrema facilidade de um sentimento a outro, da coragem ao desânimo, da mais violenta e arrogante insubordinação à mais humilde submissão. As severas e enérgicas palavras do cacique retumbaram naquelas almas exaltadas como os trovões da cólera celeste. Confusos e envergonhados de seus excessos, os revoltosos deixaram cair aos pés as suas armas, e curvados com as mãos cruzadas nos peitos pareciam implorar perdão ao exasperado cacique.
Então Oriçanga, aproveitando o ensejo e a boa disposição dos ânimos, anuncia-lhes que, por deliberação do conselho dos pajés, acabara de resolver-se a levar a guerra a dois inimigos audazes que de longo tempo os ameaçam, e põem em perigo a tranqüilidade, a liberdade e a vida dos Chavantes; que é tempo de