de toda a sala um frenético sapateado, passando revista a todos aqueles rostos, estacou em frente da Maroca, e deitando braços e cabeça para trás exclamou:

— Ah! Maroca, meu amorzinho, como estás encantadora! agora é contigo, minha rola; sai do ninho, feiticeira!

A Maroca não se enfadou com o gracejo, sorriu-se e deixando-se arrebatar no rodopio da dança vertiginosa brilhou com a faceirice e graça do costume.

Desde então Gonçalo e Maroca estavam sempre no meio da roda; eram o rei e a rainha da festa. As moças à porfia tiravam Gonçalo para o meio da roda; mas o endiabrado rapaz com o maior escândalo e do mundo o mais inconveniente - se é que pode haver escândalo e inconveniência em um batuque -, teimava em não se dirigir senão à mimosa e gentil Maroca, como se só ela dançasse naquela sala. Esta por sua parte não se mostrava enfadada, antes parecia vaidosa com aquela preferência, e cada vez mais requintava em meneios e requebros sedutores.

Reinaldo, porém, que se encostava a um canto para ocultar o furioso ciúme que por dentro lhe lavrava o coração, rangia os dentes e mordia os lábios observando com olhos turvos e chamejantes todos os movimentos de sua amante e de Gonçalo. Este, se bem dançava, melhor falava gritando uma algaravia infernal, chasqueando