ESTÊVÃO – Jesuíta!... Escarneceis de Deus, senhor! Quem sois vós? E que poder tendes para assim decidir com uma simples palavra, do destino dos homens?
SAMUEL – Quem sou eu?... Não sei, Estêvão; talvez um fanático, um insensato, que corre atrás de uma sombra; talvez o autor de uma grande revolução e o arquiteto obscuro de uma obra gloriosa. O futuro responderá. Cristo, o enviado de Deus, foi crucificado; Galileu, o mártir da ciência, queimado por herege; Colombo, o inventor do novo mundo, escarnecido por charlatão. Como eles a posteridade dirá o que sou: se um apóstolo, se um louco.
ESTÊVÃO – Enfim, senhor, já ouvi o que desejava saber. Dispusestes da minha vida; era o vosso direito, porque até hoje me alimentastes com o vosso pão.
SAMUEL – Estêvão!... Não sabes quanto é duro o que me acabas de dizer!
ESTÊVÃO – Confesso a verdade; era o vosso direito. Chegou o tempo, porém, de reassumir a minha liberdade.