O BOM MARIDO
EMQUANTO a mulher morria no trabalho, com oito filhos á cola, Theophrasto, o bom marido, procurava emprego.
Theophrasto Pereira da Silva Bermudes. Magro, alto, arcado, feio. Bigodeira, orelhas cabanas, pastinha na testa.
Dona Bellinha casara-se contra a vontade dos seus, movida, quem sabe, menos por amor que por dó. Apiedou-a a humildade romantica de Théo, cujo palavrear de namoro feria habilmente uma tecla apenas — sua pobreza.
— Que vale haver dentro de mim um coração de ouro, nicho que habitarás a vida inteira, Izabel? Que vale este meu amor purissimo, forte como a morte, feito de todas as abnegações, renuncias e delicadezas, se sou pobre? Que crime horroroso, ser “pobrezinho”!... e elle armava cara dolorida de perseguido pelo destino.
O noivado inteiro foi esse ferir a nota