eRA NO pARAISO
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briel evocou mentalmente a linda coisa que é um desfile de abelhas ou pinguins, no qual não ha um só individuo que destoe do padrão commum.

Da manada humana subia um rumor confuso. Gabriel desencerou os ouvidos e poude distinguir sons ineditos para elle: tosse, espirros, escarradelas, fungos, borborigmas, ronqueira asthmatica, gemidos nevralgicos, ralhos, palavrões de insulto, blasphemias, gargalhadas, guinchos de inveja, rilhar de dentes, bufos de colera, gritos hystericos...

Depois observou que á frente das multidões caminhavam seres de escol, semi-deuses lantejoulantes, vestidos phantasiosamente, pingentados de crystaezinhos embutidos em engastes metallicos, com pennas de aves na cabeça, cordões e fitas e crachás e missangas...

— Quem são?

— Os chefes, os magnatas, os reis — os conductores de povos. Conduzem-nos... não sabem para onde.

E viu, entremeio da multidão, homens armados, tangendo a triste récua a golpes de espadagão ou vergalho. E viu uns homens de