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O MANDARIM

 

dada a soutache de filigrana d’oiro, collava-se aos seus seios pequeninos e direitos: vastas, fôfas calças de foulard côr de côxa de Nympha, que lhe davam uma graça de serralho, recahiam sobre o tornozêlo fino, coberto de meia de sêda amarella: — e apenas tres dedos da minha mão cabiam na sua chinelinha...

Chamava-se Vladimira; nascera ao pé de Nidji-Novogorod; e fôra educada por uma tia velha que admirava Rousseau, lia Faublas, usava o cabello empoado, e parecia a grossa lithographia cossaca d’uma dama galante de Versalhes...

O sonho de Vladimira era habitar Paris; e, fazendo ferver delicadamente as folhas de chá, pedia-me historias ladinas de cocottes, e dizia-me o seu culto por Dumas filho...