Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/156

Fosse porém qual fosse o verdadeiro motivo da reunião no engenho Bujari, o certo é que nunca em sua casa reuniu João da Cunha tão numeroso concurso de pessoas escolhidas, com ser costume de longa data ajuntarem-se ai por S.João moradores de conta do lugar.

Não só por ser poderoso, senão também por ser homem de resolução e de gênio arrebatado, era João da Cunha muito temido em todo aquele termo.

Uma tradição de sangue dava a seu nome e família triste celebridade. Contava-se que varias pessoas, das quais algumas por faltas muito leves, tinham sido mandadas matar por sua ordem e enterrar depois na bagaceira. Mais de um negro tinha morrido nos açoites, e de um até se dizia que fora atirado vivo, não sabemos por que motivo, na fornalha do engenho, onde morreu queimado.

Naqueles tempos tradições semelhantes, em vez de diminuírem o tamanho moral do herói dessas repugnantes ilíadas, recomendavam aos povos os sanguinários Achiles, que por este modo se faziam conhecer e celebrizar.

Por isso todos tinham pelo senhor do engenho Bujari