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que, de quando em quando, cantarolando e pulando de alegria, descarregava um clavinote, em honra do santo folgazão. A estes tiros, soltados no terreiro, respondiam outros, também de armas de fogo, com que habitantes dos vales e da beira dos caminhos davam noticias suas. Trocavam assim os vizinhos, através das distancias, seus cumprimentos e as demonstrações do seu inocente prazer.

Aquele que nunca saiu da corte, onde os regozijos públicos se vestem de fitas, sedas, bandeiras, arcarias de sarrafos pintados, iluminações graciosas, fogos de artificio, apresentando o conjunto vistosas cores, caprichosas formas, elegantes perfis, não imagina que sem este aparato deslumbrante, e unicamente com a matéria prima que oferece a natureza, possam preparar-se deleitosos momentos para os espíritos mais difíceis de contentar. Não é outra porém a verdade. Ilumina-se com uma fogueira o pátio da casa, no qual se vê uma laranjeira florida, uma mangueira copada, um cajueiro ramalhudo. Enche-se o pátio do riso argentino das crianças, do assobio dos moleques, dos sons da viola, das saudosissimas toadas do matuto cantador, das harmonias melancólicas da gaita tocada pelo negro do engenho.