— Estou falando serio. Vou contar como o caso foi.
— O Valentão-da-Timbaúba era um malfeitor que por aquelle tempo commettia roubos e assassinatos na redondeza de muitas leguas de Pasmado. Esta alcunha foi-lhe dada pelo povo. Seu nome era Valentim. Não teve a fama extensa do Cabelleira, ao qual foi muito inferior na indole natural, na coragem e no physico; mas no pequeno theatro das suas façanhas adquiriu tamanha celebridade, especialmento nos ranchos, que de seu nome e feitos ainda hoje restam ahi lembranças enlutadas.
Era mais ladrão do que assassino; usava primeiro o subterfugio, o laço, a astucia, que a arma mortifera; mas, quando a manha não bastava, ou quando era sorprendido antes do resultado em que puzera a mira, então o encontravam facinoroso, cruel. Esfaqueava, matava, com tanto que se apossasse do alheio que excitára a sua cobiça.
Era cabra-negro, magro, anguloso. Tinha os olhos vermelhos, as orelhas largas, o queixo fino, a barba espalhada e carapinha. Havia nelle alguma coisa do vampiro. Mas a voz, que aliás era aspera e estridente, elle a adocicava e abemolava por tal geito que quem