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eu no convento de Iguarassú, donde, por ordem do bispo, parti para Tres-ladeiras, a fim de prestar os socorros espirituais à pobreza, que estava aí morrendo no maior desamparo e impenitência. Uma noite de muita chuva, tenho ainda na memória bem frescos todos os passos, especialmente os primeiros do meu erro, quando eu voltava de um sitio aonde tinha ido ouvir de confissão um moribundo, senti-me de repente assaltado de tremedeiras tão fortes que não sei como não vim do cavalo em terra; estava pesteado. Felizmente, alguns passos adiante, havia uma casa na beira do caminho, e dentro dela vi lume aceso. Pedi agasalho, o qual não se fez esperar. As moradoras, que me conheciam de ver-me passar todo dia pela porta, acolheram-me com as maiores atenções. Era uma mãe com sua filha, ambas viuvas. Não só durante o período agudo da enfermidade, mas durante a convalescença, que foi longa, nunca resfriou o zelo delas. A filha era nova e mui gentil. Enfim, Marcelina, quando voltei um mês depois à minha casa, levava comigo dois inimigos cruéis, uma paixão e um remorso. O primeiro destes inimigos pude vencer, pretextando cansaço e fraqueza, e voltando ao convento; o segundo