estava deitado, mandou pôr dentro da rêde delle um surrão carregado, e junto della entre duas caixas de fazenda, se sentou escondido como quem fazia tocáia a veado, esperando pelo ladrão, com o bacamarte armado, por cima da caixa que lhe ficava na frente.»
«Quando foi lá pelas tantas, um vulto veio tomando chegada pé ante pé. Estava nú da cintura para cima. Tinha as calças arregaçadas e trazia uma arma de fogo na mão. Quando o ladrão ia a pôr a mão no cabresto de um dos animaes que estavam comendo milho nos embornáes defronte da oiticica, seu sargento-mór desabrochou-lhe fogo. Todo o rancho accordou atordoado e ganhou mão das armas. Eu fui o primeiro que corri ao ponto onde estavam os animais. Faltava um, e o ladrão tinha desapparecido. Seu sargento-mór ficou muito zangado com a perda do seu cavallo, e ainda mais por ter errado o tiro. Mas que se havia de fazer?»
— Gosto de um cabra damnado assim como o Valentim! disse um dos matutos que ouviam a narração.
— É verdade, disseram outros. Fez o que quiz, e acabou antes do amanhecer.
— Sim, mas, quando amanheceu—prosseguiu