Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/333

serão capazes de o ajuntar, ainda que morram de velhos no paiz mais fecundo e rico do globo. Dizem que esta terra é delles. Não ha tal. O mundo é da humanidade. Povos que vivem hoje em um ponto, podem viver amanhã em outro com o mesmo direito. Assim os homens que trabalham. Pois bem, todo este cabedal, adquirido com o suor do meu rosto será applicado em defeza da autoridade real e do interesse do povo, a que os nobres tencionam antepôr o seu bem estar, a sua rebeldia. Mas não percamos tempo, sr. Paes, disse ao marchante, pegando de um açafate e atirando dentro nelle algumas das tulhasinhas de dobrões, que se viam enfileiradas no ventre do cão de bronze. Eis a minha idéa. É preciso desfazer immediatamente, com dinheiro, as invenções de Ricardo. Correi á botica do Rogoberto, meu amigo e sr. Paes. Fallai do despotismo da nobreza, da covardia do bispo, da estupidez do bispo e dos nobres. Discorrei com o fervor que vos é natural, sobre igualdade, fraternidade e liberdade. O povo é perdido por estes sentimentos. Espraiai-vos em demonstrardes a conveniencia de acabar-se com o cêrco do Recife, o qual impede de sahirem os nossos productos, que tem bom preço nas