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envolvendo-o em camada de fogo que o abrasava. Ela sentia o rapaz nos olhos, na fantasia, na luz, na sombra, entre a costura e a agulha, entre o sorriso e as lagrimas, entre a esperança vã e o desengano previsto ou adivinhado. ‘Ele não quer saber de mim’ dizia Zefinha em seu entendimento. E chorava tristemente. Mas se Coelho aparecia, já ela sorria de novo, não porque volvesse a acreditar, como nos primeiros tempos que o português retribuía o seu afeto, mas porque sua doce imagem lhe trazia o prazer que fugia quando ele se ausentava. A poder do esforço, Zefinha mostrou-se aparentemente senhora de sua paixão. Sem indiferenças despeitosas, sem contentamentos exagerados, ela conseguiu levar ao espirito de seu pai e ao do próprio Coelho a convicção de que, se não era feliz, também não era desgraçada; que sobre o lago azul dos seus afetos pairava a calma da inocência; que por ai não sopravam os vulcões que revolvem o céu de anil da mocidade, e são antes lavas abrasadas do que sopros de tormenta.

Para chegar a tamanho resultado a moça pôs em contribuição toda sua energia, que