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— Não achastes nem uma adaga, nem um arcabuz no meu armazem. Voltastes em branco. Pois bem. Eu vos asseguro, senhor Cosme Cavalcanti, que dentro em pouco tempo a nobreza de Goyanna ha de saber para quanto prestam as armas dos mascates, que as teem e de fina tempera.

— Ah! Elles as tem?

— Elles as tem, e tenho-as eu proprio a meu alcance.

— Melhor, melhor. Servirão para atravessar ou degollar os mesmos que as guardam em seus escondrijos.

— Veremos qual de nós se engana, respondeu Coelho.

— Veremos, veremos, mascate—disse Cosme descendo com seu sequito.

Os olhos de Coelho despediam insolito brilho. Na face que a ira fazia subitamente contrahir-se e dilatar-se, havia certos tons de ferocidade felina.

— Misereveis! exclamou elle quando ainda o juiz não tinha descido de todo a escada. São ineptos na propria hostilidade com que pretendem impor seu ridículo poderio.

Então, voltando-se para um dos caixeiros:

— Vai já, já em procura de Jeronymo Paes