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Pois se ele acabou, acabarei tantém eu — disse a senhor-de-engenho soluçando.

— Não, isso nunca. Já não pertenceis nem a vós, nem a ele, observou Coelho.

— E a quem pertenço então? perguntou ela com altivez.

— O destino confiou a mim a vossa guarda, e hei de salvar-vos, ainda que a troco do meu sangue.

— Sem meu marido, senhor, não quero a vida. Senhora d. Damiana! exclamou Coelho com entranhável amargura que lhe estalara nos lábios como se fora vesícula de fel.

É o que vos digo, Sr. Coelho — repetiu a gentil senhora com a firmeza que indica as profundas convicções. Só agora, continuou ela, só agora compreendo todo o horror da minha situação. Porque fugi eu? Porque não me deixei matar pelo povo, ao lado de meu marido?

— Porque a sorte tinha já assentado que vós devíeis sobreviver a ele, talvez para completar uma existência que vegeta entre as luzes e as sombras do mundo, sem experimentar outras impressões que não sejam as que as sombras, não as luzes, despertam —