Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/51

Por felicidade sua casará com Marcelina, cabocla ainda nova das proximidades da Alhandra, trabalhadeira poupona e ajuntadeira, que com as escassas economias de suas industrias ajudava o marido a achar a felicidade no seio da pobreza, e guardava a idéia de libertar-se deste estado às custas do seu esforço.

Tempos depois de mudado de Cruangi, onde ao principio morou, para o seu sitio do Cajueiro, nome que ficou pertencendo não só ao sitio mas ao lugar de que Francisco foi o fundador, teve ele umas maleitas tremedeiras na força de rigoroso inverno. A moléstia pegou-o desprevenido, sem vintém nem dez réis, como diz o povo — ilustre saibo que versa a ciência da linguagem com autoridade e propriedade que lhe invejam os sábios de maior conta.

Mas durante ela nunca lhe faltaram remédios nem dietas: Marcelina supria as faltas e a casa com admirável prontidão.

— Donde lhe veio dinheiro para tudo isto? Perguntou uma vez Francisco à sua mulher.

— E os cestos que laço não haviam de dar dinheiro? Respondeu-lhe ela com graciosa e móvel expressão. Veja estas rodilhas de cipó que comprei ontem. Chegam para uma dúzia