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a pedra para atirar contra quem estava longe; sempre a saltar e a correr pelo caminho, a trepar nas arvores novas, primeiro que nas arvores idosas por serem mais fáceis de quebrar-se com o peso do corpo as primeiras do que as ultimas; imagine um ente essencialmente malévolo que cortava, por gosto de fazer mal, os gerumusinhos ainda na erva, arrancava as batatas verdes, despedaçava os maturis, queimava as cercas, quebrava as pernas às aves domesticas que se achavam a seu alcance quando ele entrava em seu furor; enfim imagine o espirito mais diabólico, o coração mais duro, a constituição mais forte aos doze anos de idade, que tereis, não o retrato tirado pelo natural, mas apenas a miniatura de Lourenço quando chegou ao Cajueiro.

Ao cabo de um ano a luta continuada de dois sexos, dois gênios, duas idades diferentes, representadas por Marcelina e Lourenço, tinha trazido notável alteração ao natural e aos costumes de ambos. Marcelina estava cansada de lutar; as faces se lhe alquebraram; com pouco se irritava. Por felicidade, porém, Lourenço dava mostras de achar-se menos duro, manos indiferente aos castos