Mal visto deles, por força da sua superioridade incontestável, passava horas de folga a enterrar-se nos velhos livros teológicos ou de história eclesiástica, saturando-se das doutrinas absorventes que os condiscípulos encaravam como boas tão-somente para ilustrar o espírito.
A concentração em que vivia por força das circunstâncias, entregara-o avidamente ao estudo dos tempos heróicos do cristianismo exaltando-lhe a imaginação com os exemplos de abnegação e de sacrifício dos mártires da Igreja. E ao passo que os colegas decoravam tudo aquilo, para a utilidade prática dos sermões, Antônio de Morais criava para si um mundo à parte, e ardia em desejos de reproduzir neste século as lendas que enchiam aqueles livros santos...
Quando se fora adiantando nos estudos e entrara a decifrar a filosofia de Santo Tomás e do Genuense com auxílio de padre Azevedo, quando cursara a teologia moral e dogmática, o seu espírito se perdera, num dédalo de idéias antagônicas e contraditórias.