Pouco mais de uma hora durava o serão. A Faustina trazia o café num' velho bule de louça azul, e logo depois, com lacônico eanê petuna - boa-noite, se retirava o velho tapuio. Felisberto ainda se demorava alguma coisa a caçoar com a irmã, jogando-lhe graçolas pesadas que a obrigavam a arregaçar os lábios num aborrecimento desdenhoso. Depois o rapaz saía, puxando a porta e dizendo numa bonomia alegre e complacente:

— Ara Deus dê bás noites p'ra vuncês.

Isto fora assim, dia por dia, noite por noite, durante três meses. Uma tarde, ao pôr-do- sol, o Felisberto voltara de uma das suas costumadas viagens a Maués, trazendo aquela notícia que arrancara o padre a essa espécie de inconsciência em que jazia. Encontrara em Maués um regatão de Silves, um tal Costa e Silva - talvez o dono do estabelecimento - Modas e novidades de Paris - que lhe contara que a morte do padre Antônio de Morais, em missão na Mundurucânia,