O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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Tem uma candida graça,
um ar de nobre altivez,
como um fidalgo de raça
fumando um belo havanês.
E’ um chapeu-propaganda,
um chapeu-revolução,
que prega, posto de banda,
republicano sermão.
Que mudamente proclama:
— Sou o chapeu democrata
que a cabeça de Luiz Gama
das intempéries recata;
sou um castor democrático.
Respeitai-me! Fazei alas!
Meu poderio simpático
vai dos salões ás senzalas.
Sou da triste escravatura
o esperançoso pendão:
a liberdade futura:
— o castor-Abolição.
E aos quatro ventos da fama,
ei-lo, vai belo, correto,
sobre a fronte de Luiz Gama,
como o branco sobre o preto.
E, risonho, quer nas pazes,
quem nos impetos da guerra,
vai dizendo aos Ferrabrazes:
— Tudo marra! Tudo berra»!