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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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insuficiente, em que os problemas repontam de cada canto de frase.

Teremos assim que examinar e discutir esses tópicos, tentar aclará-los para ver se conseguimos surpreender o que Gama não quís relatar e mesmo o que desejou esconder.

Quanto ao bairro, rua e data de nascimento, não ha a menor dúvida. O nome da rua, Bângala, que não é português, provinha de haver residido nessa via, o capitão-mór dos Estados do Brasil, D. Baltazar de Aragão, fidalgo de alta linhagem, o qual, antes, governára a colónia de Angola e ali grangeara, pela rispidez e severidade, a alcunha de “Bângala”, que na língua local significa o “inflexivel”.

Quanto á casa, ignorou-se, até muito recentemente, qual era exatamente. Tive oportunidade de certificar-me disso, porque havendo pedido ao meu distinto amigo dr. Pedral Sampaio, me trouxesse, em seu regresso da Baía, uma fotografia do predio, não conseguiu ele localizá-la nem encontrou, entre os sabedores de história local, que consultou, quem lhe pudesse dar a informação. Somente depois que daqui enviamos a Carta de Gama é que os srs. drs. Gonçalo Moniz e Otavio Torres fizeram a identificação, que aparece claramente nos clichês deste livro, reproduzindo a situação topografica da rua e do predio dentro da cidade e dão o aspeto atual da casa em que nasceu o grande negro.

Esta é — pelo depoimento do dr. Gonçalo Moniz — “a casa que traz o n.º 1 da rua que tem o seu nome, então