Mas Eugênio já era um guapo mocetão de dezesseis a dezessete anos, e Margarida, com os seus quatorze, já era uma moça feita em toda a plenitude e esplendor de seu rápido desenvolvimento. Umbelina bem via que já não ficava bem deixar a sós por muito tempo e entregues a si mesmos como no tempo da meninice aquelas duas criaturas que se queriam tanto, e portanto não lhes permitia mais que vagassem sozinhos pelos campos como outrora, longe de suas vistas. Fazia muito bem; mas, não obstante, a tia Umbelina, toda atarefada como sempre andava, não podia deixar de proporcionar-lhes muitas ocasiões de se acharem a sós em ocasiões de que sabiam aproveitar-se muito bem para se afagarem. Esses afagos porém não passavam de uns prolongados apertos de mão, de algum abraço dado assim em ar de brinquedo e sem intenção amorosa, ou de um desses olhares mudos, longos e repassados de ternura, que em si resumem todo um poema de amor. Bem vontade tinham eles de se beijarem, mas tolhia-os um acanhamento virginal, esse pudor nativo, que é como o orvalho, que só na aurora esmalta o cálix das flores, e os desejos morreram-lhes dentro da alma, e os beijos apenas lhes estremeciam na ponta dos lábios, como tenros passarinhos