A aventura da cobra enleando-se no corpo de Margarida, que nunca lhe saía da lembrança, lhe incomodara sempre o espírito. Agora refletindo sobre a cega e ardente afeição que a menina ia inspirando cada vez mais a seu filho, entrou a nutrir as mais tristes e sombrias apreensões, e acabou por convencer-se que não era senão o demônio, que em figura de cobra viera lançar no seio da menina o germe da tentação para seduzir seu filho, desviá-lo de sua santa vocação, e arrastá-lo ao caminho da perdição. Daí aquela severidade e rigor que lhe não eram usuais, e que só por um tão poderoso motivo podia ser impelida.

A boa senhora não considerava que o germe da tentação já Margarida, como toda moça bonita, o tinha nos olhos, e por mais tremendos que fossem os anátemas que fulminasse para preservar o novo Adão das seduções da serpente, mais lhe acenderia o desejo de provar do pomo vedado.

O que, portanto, não lhe era permitido fazer francamente e à luz do sol, procurou Eugênio fazê-lo furtivamente e à sombra do manto silencioso e discreto da noite, cujos véus propícios ocultaram