força, murmurando certas orações e esconjuros cabalísticos.

É esta uma simpatia de que usam as nossas roceiras para tornarem as cobras imóveis e pregá-las por assim dizer em um lugar, e dizem que é de um efeito imediato e infalível.

Talvez o leitor não creia nessas coisas que chamam abusões do povo; mas o certo é, que desde o momento em que a senhora Antunes pregou os olhos na cobra e começou a arrochar a saia da cintura, a bicha parou imediatamente e não se mexeu uma linha do lugar em que estava, até que um escravo, chegando com um varapau, veio dar cabo dela.

O rapaz, depois de ter-lhe machucado bem a cabeça, suspendendo a custo o enorme bicho na ponta da vara, arremessou-o no gramal.

A cobra veio cair aos pés de Umbelina, que soltou um grito agudo e deu um salto para trás.

— O que é isso, comadre? está com medo? - exclamou a senhora Antunes com uma gargalhada. Pois não quer ver o lindo e inocente bichinho, que ainda agora estava-lhe beijando a filha?