Eugênio, pois, ao ler os primeiros versos de Virgílio, sentiu na fronte o bafejo do anjo da poesia que lhe dava, à alma como um sentido mais, abrindo nela uma nova fonte de suaves e inefáveis emoções. As Éclogas do imortal Mantuano o encantavam. As cenas do amor bucólico o arrebatavam, retraçando-lhe na fantasia em cadentes e melodiosos versos os singelos e aprazíveis painéis da vida campesina, em que tantas vezes ele figurava como ator, e fazendo-lhe lembrar com a mais viva saudade o ditoso tempo em que, junto com Margarida errante pelos vargedos e colinas da fazenda paterna, lidava com o pequeno rebanho de Umbelina. A não ser padre santo - que era até então a sua mais forte aspiração -, a vida que mais lhe sorria à imaginação era a de pastor, contanto que fosse em companhia de Margarida.

Não contente com admirar e sentir as belezas desses grandes poetas, Eugênio, que tinha em si um grande fundo de sentimento e calor poético, ensaiava-se às vezes procurando traduzir em estrofes as emoções de seu coração, e as imagens que lhe pululavam no espírito. E quem senão Margarida, aquela beleza em botão poderia inspirar os cantos daquela musa ainda no berço?...