e para uma alma tímida, boa e sensível como a de Eugênio.

Eugênio ficou aterrado. Tanto a sua língua como a sua inteligência ficaram como que paralisadas ao choque daquela furibunda apóstrofe. Sua surpresa e estupefação eram completas. Nunca lhe passara pela cabeça, que querer bem a uma criança como ele, e fazer-lhe versos fosse uma abominação, um horroroso pecado, e se procurava ocultar esses produtos do seu estro infantil era mais por acanhamento e por uma espécie de pudor instintivo, e não porque tivesse consciência de cometer um ato repreensível.

O menino estava em torturas, mas enfim era preciso responder alguma cousa.

— Senhor padre!... me perdoe... - pôde ele enfim responder balbuciando e tremendo. - Eu não sabia... que isso era proibido...

— Isso o quê?

— Fazer versos...

— Mas que qualidade de versos, senhor estudante?... fazer versos a Deus, aos santos, aos anjos, isso também os santos padres da igreja já os faziam, Vm. também lá os tinha no seu calhamaço de envolta com estas abominações... mas