Quando vinha a noite, achava-se fatigadíssimo, mas em vez de entregar-se ao descanso que a natureza reclamava, conservava acesa a sua lâmpada até horas mortas da noite, rezando ou estudando, e quando a apagava ficava ainda ajoelhado e de braços abertos sobre o leito, até que um sono irresistível o viesse prostrar.

No fim de algum tempo, Eugênio estava magro, pálido, alquebrado, que mais parecia uma múmia ambulante. Tinha-se de todo amortecido o brilho de seus grandes olhos azuis, e profunda palidez cobria-lhe o rosto magro. O adolescente de dezesseis anos parecia um ancião às bordas da sepultura.

Estes estragos físicos não deixavam também de repercutir de um modo deplorável no moral e na inteligência. O espírito de Eugênio, a princípio exaltado pela forte tensão em que o mantinha aquela luta travada consigo mesmo, por fim extenuado de cansaço, acabou por tornar-se moroso e pesado. Sua terna e delicada sensibilidade embotou-se, ou antes apagou-se no gelo de um beatismo frio, austero e sem arroubos. Essa imaginação tão viva e risonha, que como travessa borboleta esvoaçava entre o céu e a terra, entre as flores da colina, e as nuvens matizadas dos brilhantes horizontes,