— Que mais ? perguntou motejando o sertanejo.
— Agora quanto á camaradagem, isso é caso diverso. Se você carece do braço de um homem ou mesmo da vida para coisa de seu serviço, nem precisava destas partes : não lhe dava senão o que já lhe pertence. Mas o que você pede, Arnaldo, não posso fazer.
O Moirão carregou a manopla ao peito que arfou como o desabe d'uma montanha e arrancou estas palavras com um surdo estertor, segurando o lobulo da orelha direita.
— Estou deshonrado. Jurei por esta orelha que, si não a vingasse antes de um mez, havia de corta-la para que não vejam nella minha vergonha. Ah ! você não sabe, Arnaldo.
— Sei ! disse o sertanejo pousando a mão no ombro do companheiro com um gesto severo e triste.
— Quem lhe contou ?
— Ninguem. Eu vi.
O Moirão escancarou os olhos espantado e benzeu-se outra vez. Não era elle dos mais supersticiosos, porém os modos estranhos do sertanejo naquella manhã despertavam em seu espíirito as abusões da epocha.