o sertanejo
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— Ninguem sabe quem deitou, respondeu a sertaneja affirmando com a cabeça. No mesmo dia de nascido, appareceu com elle e não se viu entrar em casa viva alma, nem a criancinha sahíu da minha rêde. Só quando eu acordei, ainda assim como sonhando, senti um cheiro de incenso e vi uma alvura que me cegou. Havia de jurar que eram azas de anjo. Quando olhei para o pequeninho elle estava rindo-se e a brincar com o relicario, como si já tivesse juizo para entender.

— Nunca me contou isso, mamaãe Justa ! observou a menina sorpresa.

     — Meu homem não gostava que eu falasse nestas cousas, e então ficou no esquecimento o milagre do bentinho. Mas o senhor capitão-mór e a dona sabem tudo.

     — Então esse relicario tem a virtude de livrar a pessoa de qualquer risco e desastre ?

     — De todo o perigo, seja do fogo ou d'agua, de ferro ou veneno ; respondeu a ama com o tom da mais profunda convicção.

     — Esta certeza que você tem, mamãe Justa, é que eu não vejo. Só por que não se sabe donde veio o relicario ?