o sertanejo
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     Alina tinha razão. A facha de chamalote azul que a moça acabava de passar á tiracolo, prendendo-a ao ombro direito com o broche de ouro, dava ao seu talhe airoso um porte regineo.

     — Já leu ? perguntou D. Flor mostrando com a ponta do dedo as lettras bordadas na fita.

     — À mais formosa, disse Alina soletrando.

     Êsse era effetivamente o distico lavrado á fio de ouro em uma e outra banda da facha de chamalote.

     — Foi uma sorte da cavalhada ; disse a moça.

     — Conte, Flor.

     As duas meninas acomodaram-se nos poiais da janella.

     — De todas as festas que vi no Recife, as mais luzidas foram as que se deram em regosijo pela chegada do novo governador D. Antonio de Menezes, conde de Villa Flor.

     — Você viu o conde, Flor ? Que homem é ? perguntou a linda sertaneja, para quem ver um conde era quase ver o rei.

     — Um fidalgo de nobre parecer, como meu pai. Fizeram-se muitos folguedos e apparatos em honra sua ; nenhum, porem, como a cavalhada. Foi mesmo no largo do Pa-