a desventura que vinha roubar-me toda a minha alegria !...
« Cego que eu fui !... Pensei que este doce engano havia de durar sempre, sempre !...
« Ao redor de mim tudo mudava. Os grelos que brotaram quando vim ao mundo, já estão arvores da matta. Os garrotes de meu tempo ficaram touros e morreram de velhice. Os poldrinhos com que eu brincava em menino cansaram de campear.
« As beserrinhas do anno em que sahi a vaquejar com meu pai tornaram-se novilhas e dellas nasceram outras, que produziram todo gado novo.
« As ramas do maracujá que rebentam com as primeiras aguas cobrem-se de flores ; das flores saem os fructos que espalham na terra as sementes e das sementes brotam novas ramas, que por sua vez cobrem-se de flores até que murcham e seccam.
« Tudo muda. Passam os annos e levam a vida. Mas ella, Flor, eu acreditava que havia de ser sempre a mesma, sempre solitaria e sempre donzella, como a lua no céo, como a Virgem em seu altar. Eu a adoraria eternamente assim, no seu resplendor ; e não queria outra felicidade sinão