— Não é ouro, nem riquezas, que eu receio perder; é outro bem e mais precioso.
— A tua alma ? perguntou o velho cravando os olhos no mancebo.
— A minha alma, sim.
— Peccaste, filho ?
— Não ; minha mão está pura, mas duas vezes hoje ella escapou de manchar-se no sangue de meu semelhante. Uma vez foi para deffender a vida do capitão-mór ; devia ferir ?
— Devias, filho. Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
— A outra vez foi para defender-me a mim.
— Ameaçaram tua vida ?
— Quiseram roubar-me o que mais amo neste mundo.
— Tua mãi ?
— Não.
— Uma mulher ?
— Sim.
— Os antigos cavalheiros tinham por timbre disputar a dama de seus pensamentos nos torneios e desafios, e o vencedor recebia em premio a mão da mais formosa. Esses tempos vão longe ;