o sertanejo
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origem. Acabavam de triscar um fuzil não mui distante e petiscar fogo do isqueiro.

     Si alguma duvida lhe restasse, desvanecera-se com o cheiro de fumo, delator da primeira baforada do cachimbo, que se acabava de acender.

     — Bom ; cá está o meu homem. Já não preciso de ir-lhe ao rasto ; tenho-o à mão.

     A floresta ainda estava immersa no alto silencio da modorra : apenas a fresca e sutil aragem que precede o primeiro diluculo e é como o hálito da alvorada, frolava mansamente as franças das arvores. No azul do céu nenhum pallor annunciava o raiar da luz.

     Quedou-se o sertanejo com o ouvido attento aos menores rumores que vinham do lado onde pitavam. Nada lhe escapou, nem o roçar do corpo pela casca do páo e os chupos dados ao tubo do cachimbo ; nem o grosso resomnar, que pouco depois substituiu aqueles primeiros ruidos.

     Da sua escuta deduziu o sertanejo quanto lhe convinha. Ficou sabendo que o cachimbador era o proprio Aleixo Vargas, cujo assoprado pitar elle conhecia tanto como o ronco nasal do dorminhoco. Gisou o ponto da floresta em que se achava o sujeito, e com tal exactidão que lá iria de olhos fecha-