— Eu mesmo.

Ao gesto de espanto de Arnaldo, acrescentou:

— Eu queria morrer. Mas é horrível!...

Resolvido a deixar-se morrer, o velho armara um laço, cruzara os pulsos nas costas, e metendo-os na corda, fizera disparar o nó que lhe atara as mãos.

Assim, ainda quando quisesse buscar água para matar a sede, não poderia. Condenara-se à mais atroz das mortes, e já tinha sofrido terrível suplício quando o menino o encontrou.

Arnaldo salvou o infeliz e o persuadiu a acompanhá-lo. Jó, pois era êle, sentira desde logo uma atração irresistível para êsse menino; sua existência, que nada já prendia à terra, achara alí um elo misterioso. Deixou-se conduzir e governar por aquela criança.

O vaqueirinho levou Jó à casa materna. A Justa agasalhou o velho, enquanto o filho construia para seu amigo a cabana da várzea. Nunca soube-se na Oiticica donde viera êsse desconhecido; dele apenas se obteve esta informação vaga:

— Eu tinha uma cabana no Frade; os malditos puseram-lhe fogo para queimar-me vivo.