sua pessoa, passando pela frente da Oiticica sem tirar o chapéu, ou pronunciando o seu nome sem a devida reverência do tratamento e título.

Eram faltas estas que êle não perdoava, nem esquecia. Embora decorressem anos, em tendo notícia do culpado, despachava uma escolta para prendê-lo, onde quer que estivesse. Satisfeito, porém, o seu orgulho, aplacava-se de todo a ira; assim a maior parte das vezes o castigo não passava de um ato de submissão e quando muito de uma prova expiatória. Obrigava o atrevido a pedir-lhe perdão de joelhos, ou mandava amarrá-lo ao moirão por um dia inteiro.

Arnaldo, que sabia dêstes fatos e conhecia a severidade do capitão-mór, julgava-se banido da Oiticica para sempre; pois não lhe consentia o seu gênio fazer contrição da culpa e pedir perdão da desobediência. Mas essa índole altiva que nenhuma condideração, nem mesmo o amor de D. Flor conseguia dobrar, não resistiu ao rasgo de generosidade do velho.

O caráter de Arnaldo tinha êste traço especial. Zeloso de sua independência, e de extrema suscetibilidade nesse ponto, a menor aspereza, qualquer gesto imperativo, bastava para revoltar-lhe