podia perdoar a esta mulher o encanto e sedução com que à primeira vista ofuscava a lindeza de D. Flor.

Quando as contemplava juntas, êle reconhecia que a formosura da donzela era uma flor do céu, pura e imaculada, respirando a fragância de sua alma angélica. O brilho dos grandes olhos pardos tinha a limpidez do rútilo das estrêlas; o sorriso dos lábios de nácar abria-se como um doce arrebol da manhã; e as faces assetinavam-se como as nuvens brancas ao de leve rosadas pelo crepúsculo da tarde.

Mas no semblante, e no talhe da viúva, ressumbrava um fulgor vivo e intenso, que deslumbrava. Essa mulher não tinha a suprema correção e delizadeza de traços que distinguia o perfil de D. Flor; não possuia a elegância casta, graciosa e senhoril que vestia a donzela de uma gentileza de rainha; porém sua beleza exercia sôbre os sentidos uma poderosa fascinação.

Essa influência, que êle sofria a seu pesar, o irritava contra aquela mulher; e às vezes admirando-a, vinham-lhe ímpetos de aniquilar os encantos, que, se não a tornavam mais formosa