modo que já não era muito de temer a perseguição que naturalmente o Campelo havia de fazer aos roubadores da filha.

Águeda ganhou facilmente as boas graças de D. Flor; para isso não lhe foi preciso empregar a menor arte, bastou a sua formosura, e o luto que a tornava ainda mais interessante. A donzela tomou-se de afeição sincera pela bela viúva.

Todavia desde logo percebeu a astuta cigana que tinha de lutar com um obstáculo sério, e êsse era Arnaldo. Já estava ela prevenida de algum modo acêrca do sertanejo, pelas proezas que dele contava o Moirão, nos serões da fazenda do Bargado. Mas na manhã seguinte observou uma circunstância que a sobressaltou.

Vira o olhar que Arnaldo fitava em Flor, e concebeu no brilho que acendia aquela pupila negra os lampejos de uma paixão intensa. O sertanejo amava a filha do capitão-mór; e êsse amor, não partilhado, e portanto inquieto e sôfrego, devia envolver a donzela em uma solicitude constante.

Águeda adivinhava a vigilância infatigável dêsses afetos, que vivem de uma doração mística