repulsão o invadia; mas, se turbava-lhe a alma, não tinha êle fôrça para retrair o corpo. Ficava imóvel e passivo.

Terminou Águeda a sua narração, convencida de que tinha em seu poder o mancebo; mas também com o tato e experiência que possuia, conheceu que não era êle homem para ousar logo da primeira vez. Que importava? Ela supriria êsse acanhamento pela sua afoiteza; contanto que naquela mesma noite alcançasse as duas vitórias porfiadas, a de seu capricho e a de seu interêsse.

No desafôgo de sua história, Águeda abrira aos poucos a mantilha, que afinal resvalara pelas espáduas, deixando nu o colo. Foi assim que estreitou-se com o mancebo para dizer-lhe:

— Eu sou uma desventurada, Arnaldo!

— O matador de seu marido será castigado. O capitão-mór não prometeu? murmurou o sertanejo.

— Se fosse esa toda a minha desgraça! Eu já me teria conformado com a vontade de Deus. Mas, além de perder meu marido, ficar ainda sem aquilo que a mulher mais preza neste mundo, a honra?