— Em o nosso caso não acha, reverendo padre Teles, que bastaria assá-lo para o almôço?

— É o que eu estava pensando, sr. licenciado; e creio que o consumiríamos melhor assim ou numa boa açorda do que pelo processo de Moisés.

Enquanto o licenciado e o capelão faziam êstes gastos de erudição bíblica, as outras pessoas trocavam suas observações acêrca do Dourado.

D. Flor também contemplara o animal com satisfação, pois tinha seu instinto de sertaneja, filha daqueles campos e neles criada. Além disso possuia o sentimento do belo, e sabia admirá-lo em todas as suas formas.

— O Dourado há de ter o meu ferro! exclamou com um arzinho de princesa que lhe assentava às maravilhas.

— Se levar algum, com certeza não será outro senão o seu, Flor; disse o capitão-mór.

A donzela soltando a exclamação a que o pai acabava de responder, insensivelmente volvera o olhar e encontrou Arnaldo que pouco antes se aproximara do grupo. Ao tôrvo e sombrio aspecto do mancebo, e talvez à lembrança do que acontecera com a flor, desviou a vista rapidamente.