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OS ESCRAVOS
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Mas lhe seja o pedestal.
Que ao menino dê-se a escola,
Ao veterano — uma esmola...
A todos — luz e fanal.

Luz!... sim; que a criança é uma ave,
Cujo porvir tendes vós;
No sol é uma aguia arrojada,
Na sombra — um mocho feroz.
Libertai tribunas, prélos...
São fracos, mesquinhos élos..
Não calqueis o povo-rei!
Que este mar d’almas e peitos,
Com as vagas de seus direitos,
Virá partir-vos a lei.

Quebre-se o sceptro do Papa,
Faça-se delle uma cruz,
A purpura sirva ao povo
P’ra cobrir os hombros nús.
Ao grito do Niagara
Sem escravos, Guanabara
Se eleve ao fulgor dos sóes.
Banhem-se em luz os prostibulos,
E das lascas dos patibulos
Erga-se estatua aos heróes!

Basta!... Eu sei que a mocidade
E’ o Moysés no Sinai;
Das mãos do Eterno recebe
As taboas da lei! marchai!
Quem cahe na luta com gloria,
Tomba nos braços da historia,