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CASTRO ALVES

“Brutus renega a tribunicia toga,
O apost’lo cospe no Evangelho Santo,
E o Christo-Povo, no Calvário erguido,
Fita o futuro com sombrio espanto.
Nos ninhos d’aguias de nos restam? — Corvos.
Que vendo a patria se estorcer no chão,
Passam, repassam, como alados crimes,
Da lua pallida ao fatal clarão.

“Oh! é preciso inda esperar cem annos...
Cem annos!... brada a legião da morte.
E longe, aos echos nas quebradas tremulos,
Sacode o grito soluçando, — o norte.
Sobre os corseis dos nevoeiros brancos
Pelo infinito a galopar lá vão.
Erguem-se as nevoas como pó do espaço
Da lua pallida ao fatal clarão.

Recife, 8 de Dezembro de 1865.
 

Cf. com dois manuscriptos, um de Augusto Alvares Guimarães, um por D. Adelaide de Castro Alves Guimarães e outro de Antonio Alves Carvalhal, um por D. Elisa de Castro Alves Guimarães, em livros de versos do Poeta; no I.º vem datada de 8 de Dezembro de 1865, no 2.º de Outubro, do mesmo anno. Foi a primeira poesia recitada por Castro Alves em S. Paulo: pbl. pelo “Correio Paulistano”, de 3 de Abril de 1863. E’ a II dos “Manuscriptos de Stenio” dos Os Escravos (I A Cachoeira de Paulo Affonso, II Manuscriptos de Stenio), de Serafim José Alves, Rio, 1883.

  I) Dorias, Siqueiras, Machado... (estancia 2.ª, v. 6), Machado deve ser Joaquim Nunes Machado, um dos chefes liberaes da Revolução Praieira de 1848, se não fôr Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Macha-