Vem, oh virgem descorada,
Com a fronte pálida ornada
De cipreste funerário,
Vem! oh quero nos meus braços
Cerrar-te em meigos abraços
Sobre o leito mortuário!
Vem oh morte! a turba imunda,
Em sua miséria profunda,
Te odeia, te calunia,
— Pobre noiva tão formosa
Que nos espera amorosa
No termo da romaria.
Quero morrer, que este mundo
Com seu sarcasmo profundo
Manchou-me de lodo e fel;
Porque meu seio gastou-se,
Meu talento evaporou-se
Dos martírios ao tropel!
Quero morrer: não é crime
O fardo que me comprime
Dos ombros lançar ao chão,
Do pó desprender-me rindo
E as asas brancas abrindo
Lançar-me pela amplidão!
Oh! quantas loiras crianças
Coroadas de esperanças
Descem da campa à friez!...
Os vivos vão repousando
Mas eu pergunto chorando:
— Quando virá minha vez? —