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MOÇA.

Não tenhais esses enganos.

PORTEIRO.

Nem vós tenhais esses olhos;
Que de vossos olhos vem
Esta minha pena fera.

MOÇA.

De meus olhos? Assim era.

PORTEIRO.

Moça, que taes olhos tem,
Nenhuns olhos ver devêra.

MOÇA.

E porque?

PORTEIRO.

         Porque cegais
A quantos olhos olhais,
Postoque por vós padecem.
Olhos, que tão bem parecem,
Porque não os castigais?

MOÇA.

Deos dê siso, pois de vós
Tirou o que aos outros deu.

PORTEIRO.

Desatae-me lá esses nós.
Que mais siso quero eu,
Que não ter siso por vós?

MOÇA.

Fallais d’arte; eu vos prometo
Que a resposta vem á vela.
Isso he ôlho de panella.
Quanto ha ja que sois discreto?