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E despois que a desventura
Puzer este coração
Debaixo da sepultura,
As letras na pedra dura
Vossa dureza dirão.
Isto vos hei de dizer,
Que m’ensinou minha dor:
Se quizerdes leda ser,
Nunca exprimenteis amor
Em quem vo-lo não tiver.
Deixae-me ir; não me tenhais.
ALCMENA.
Amphitrião, não choreis!
Amphitrião!
JUPITER.
Que quereis,
Ou para que nomeais
Homem, que ver não podeis?
ALCMENA.
Amphitrião, s’eu causei
Com manencória pequena
Cousa, com que o magoei;
Eu quero cahir na pena
Dessa culpa que lhe dei.
JUPITER.
Sempre serei magoado
Se vossa má condição
Me não perdôa o passado.
ALCMENA.
Perdôo, e peço perdão
De lhe não ter perdoado.