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Responde João Lopes.

Pezar ora não de são,
Eu juro pelo Ceo bento,
Se de comer não me dão,
Qu’eu não sou camaleão,
Que m’hei de manter do vento.

Responde o Author.

Senhor, não vos agasteis,
Porque Deos vos proverá;
E se mais saber quereis,
Nas costas deste lereis
As iguarias que ha.

Virado o papel, dizia assi:

Tendes nem migalha assada;
Cousa nenhuma de môlho;
E nada feito em empada;
E vento de tigelada;
Picar no dente em remôlho:
De fumo tendes taçalhos;
Ave da pena que sente
Quem da fome anda doente;
Bocejar de vinho e d’alhos;
Manjar em branco excellente.

A derradeira a Francisco de Mello.

D’hum homem, que teve o scetro
Da vêa maravilhosa,
Não foi cousa duvidosa,