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SOLINA.
Ah mao! Como sois malvado!
DURIANO.
Mas vós como sois malvada,
Que de hum pouco mais de nada
Fazeis hum homem armado,
Como quem ’stá sempre armada!
Dizei-me, Solina, mana.
SOLINA.
Qu’he isso? Tirae lá a mão:
Oh! vós sois mao cortezão.
DURIANO.
O que vos quero m’engana,
Mas o que desejo não.
Não ha aqui senão paredes,
As quaes não fallão, nem vem.
SOLINA.
Está isso muito bem.
Bem: e vós, Senhor, não vêdes
Que poderá vir alguem?
DURIANO.
Que vos custão dous abraços?
SOLINA.
Não quero tantos despejos.
DURIANO.
Pois que farão meus desejos,
Que querem ter-vos nos braços,
E dar-vos trezentos beijos?
SOLINA.
Olhae que pouca vergonha!
Hi-vos d’hi, boca de praga.