Página:Obras completas de Luis de Camões III (1843).djvu/454

456

Caio pedaço a pedaço.
E mais eu soffrer não posso
Que me façais tanto fero,
Qu’estou ja posto no osso,
Porque sou vosso e revosso,
Por vida de quanto quero.

SOLINA.

Feros está cheia a rua.
Ora estou bem aviada!

VILARDO.

Cupido, por vida tua,
Que a não faças tão crua,
Pois que te não faço nada!
Amor, Amor, mas te pido,
Que quando se for deitar,
Que le digas al oido:
Devieis-vos de lembrar
Neste tempo de hum perdido.

SOLINA.

E tu ja fazes coprinhas?
Ainda tu trovarás?

VILARDO.

Quem eu? Por estas barbinhas,
Que se vós virdes as minhas,
Que digais que não são más.

SOLINA.

Ora, pois me quereis bem,
Dizei-me huma.

VILARDO.

                 Ei-la aqui;
E veja o saibo que tem;