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Com tanto que me deixeis
Os olhos para vos ver.


MOTE ALHEIO.

Amores de huma casada,
Que eu vi pelo meu mal.

Voltas.

N’huma casada fui pôr
Os olhos, de si senhores:
Cuidei que fossem amores,
Elles fizerão-se amor.
Faz-se o desejo maior
Donde o remedio não val,
Em perigo de meu mal.

Não me paraceo que Amor
Pudesse tanto comigo,
Que donde entra por amigo,
Se levante por senhor.
Leva-me de dor em dor,
E de final em final,
Cada vez para mor mal.


OUTRO SEU

Enforquei minha esperança;
Mas Amor foi tão madraço,
Que lhe cortou o baraço.

Volta.

Foi a esperança julgada
Por sentença da Ventura,