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SONETOS.
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CLXVIII.

Ai amiga cruel! que apartamento
He este que fazeis da patria terra?
Ai! quem do amado ninho vos desterra,
Gloria dos olhos, bem do pensamento?

His tentar da fortuna o movimento,
E dos ventos crueis a dura guerra?
Ver brenhas de ondas? feito o mar em serra
Levantado de hum vento e de outro vento?

Mas ja que vós partis, sem vos partirdes,
Parta comvosco o Ceo tanta ventura,
Que se avantaje áquella qu'esperardes.

E só desta verdade ide segura,
Que fazeis mais saudades com vos irdes,
Do que levais desejos por chegardes.



CLXIX.

Campo! nas syrtes deste mar da vida,
Apos naufragios seus taboa segura;
Claras bonanças em tormenta escura,
Habitação da paz, de amor guarida;

A ti fujo: e se vence tal fugida,
E quem mudou lugar, mudou ventura,
Cantemos a victoria; e na espessura
Triumphe a honra da ambição vencida.

Em flor e fructo de verão e outono;
Utilmente murmurão claras ágoas;
Alegre me acha aqui, me deixa o dia.

Amantes rouxinoes rompem-me o sono
Que ata o descanso: aqui sepulto mágoas
Que ja forão sepulcros de alegri