Syrinx e Nyse, que das mãos fugírão
Do Tegêo Pan; Amanta e mais Elisa,
Destras nos arcos mais que quantas tirão;
A linda Daliana, com Belisa,
Ambas vindas do Tejo, que como ellas
Nenhuma tão formosa as hervas pisa:
Todas estas angelicas donzellas,
Por o viçoso monte alegres hião,
Quaes no ceo largo as nitidas estrellas.
Mas dous sylvestres deoses, que trazião
O pensamento em duas occupado,
A quem de longe mais que a si querião,
Não lhes ficava monte, valle ou prado,
Nem árvore, por onde quer que andavão,
Que não soubesse delles seu cuidado.
Quantas vezes os rios, que passavão,
Detiverão seu curso ouvindo os danos,
Que aos proprios duros montes magoavão!
Quantas vezes amor de tantos anos
Abrandára qualquer vontade isenta,
Se em Nymphas corações houvesse humanos!
Mas quem de seu cuidado se contenta,
Offereça de longe a paciencia;
Que Amor d'alegres mágoas se sustenta.
Que o moço Idalio quiz nesta sciencia
Que se compadecessem dous contrários.
Diga-o quem tiver delle experiencia.
Indo os deoses, emfim, por montes varios
Exercitando os olhos saudosos,
Ao crystallino rio tributarios;
Topárão dos pés alvos e mimosos{227}